segunda-feira, 16 de maio de 2011

púrpura negra

sereno é o verbo,
formosa é a púrpura na flor...
o vestido espera o moço,
enigma na calada da noite!

o toque suave na porta de madeira
coração aos saltos...
trêmula ansiedade nas pernas.
olhos no trinco... só ele abre a porta
desejo na flor do vestido,
figuras estáticas...
a emoção é viva!
lábios entreabertos,
palavras mudas,
taquicardia na garganta.

turbilhão no calor dos músculos.
força nos ossos dos braços...
dedos, unhas arranham a pele
mãos entrelaçam as costas...
vencem o voo da distância.

no imaginário da ametista
o calor da promessa,
longe, perto
camiseta negra,
flor vermelha no tecido,
pele se misturam,
arrepio ao frescor da noite.

o furacão revira o velho,
a estagnação,
desafoga soluços,
expulsa o escárnio.
vulcão sela feridas,
vida no charco da emoção,
corrente calcifica certezas,
abraço interminável lacra o aconchego,
o vermelho sacia o amor...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Solte o alfinete

ser diferente do igual,
não compactuar com o óbvio,
descortinar a fresta da janela,
ter coragem de enxergar o sol da noite.
onde os poetas revolucionam
trocam luas por tempestades,
encontros em desastre,
a mocinha foge com o bandido.
porque o príncipe era feio.
cega era a princesa,
não viu o coração de sangue...
preferiu a ilusão da miragem,
o vidro refletia, enganou-se...
o cristal estava quebrado, o vidro não.
perde-se por querer,
ganha-se perdendo,
o rumo, o destino, a oportunidade.
O beijo não roubado,
o abraço por debaixo das pernas
nos pé que doíam...
soluços entre sorrisos, mordidas de desespero.
aflição! paciência é tempo a teu favor...
troque tudo, misture a aquarela,
preserve as cores que te amam,
as infinitas, as sem respostas
essas são eternas, jamais alcançadas.
a estrada trará de volta
o que nunca partiu,
o alfinete de ponta redonda,
com brilho de ouro.
prenda o ar, o soluço, reclame,
peça de volta, não desista.
a princesa adormece, o príncipe volta
o castelo se desfaz.
o caminho é longo a volta incerta,
talvez desastrosa, mas feliz...

O broto da alfazema

rasgue, abra a carne
metafórica do desvario da ilusão,
desabroche a luz da verdade,
a coragem dilacerada... venha flor!

aquela que plantei no frio do fogo.
no meio onde pulsa a emoção.
na coragem fértil da terra,
molhada de alegria...

semente preparada, o universo está dentro
acoplado no desejo radiante do calor
do raio na nuvem sonhadora...
que se rasguem os enganos.
que viva o broto da alfazema,
da flor pequena, vibrante no lilás.
mãos que afagam os ouvidos de sons eternos...
mergulhe traga o que acovarda,
seja olhos no espelho da tua íris.

veja na retina o coração que pulsa
que não engana no raio azul do sol,
aquele que só a verdade enxerga...

que vibre o dominio do grito que
não deixa mentir, olhe,
antes que seja tarde!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O olhar no sorriso...

Encontros podem modificar rumos, alterar trajetos, definir rotas.
Especiais os inesperados, inexplicáveis...
Trazem emoções capazes de suplantar experiências levando a novas descobertas e aprendizados.
A emoção está no olhar, nos olhos descobertos, desnudos.
No coração o sorriso do olhar...
A palavra perde a memória do tempo que viria.
Palavras aproximaram contornando pelas bordas...
Sem tempo e pressa, apenas chegaram.
Perfuraram barreiras, decisões irreversíveis!
Prevaleceu a persistência do sorriso,
Mas, o olhar foi por detrás das palavras.
Não se mostrou, foi sutil, envolvente.
Se revelou, venceu barreiras,
Adentrou, alojou-se, e ali está...
É instigante,
gosta das beiras,
das bordas,
dos contornos,
das nuances.
Sábio nas curvas,
nas entrelinhas
certeiro nas intenções!