quinta-feira, 29 de julho de 2010

Fotografia das palavras

Que satisfação reencontrar o escritor catarinense, Carlos Henrique Schroeder como orientador no Laboratório de autoria "Fotografia das palavras" promovido pelo SESC-Lages/SC. Tive a satisfação de conhecê-lo no curso de Formação de escritores, que culminou no livro "Calígrafo Oriental" publicado pelo SESC/SC, uma coletânea de contos, micro contos e poemas. A Literatura também está na fotografia e possibilita para aquele que registra as imagens ser um narrador.
O narrador é aquele que coloca as palavras, emoções, sensações em movimento.
Se o narrador for engessado será um narrador morto.
Educar o olhar para ser um bom escritor e leitor e também leitor/escritor. Desenvolver potencialidades, encontrar prazer naquilo que se faz, esta é a grande descoberta do indivíduo no mundo, na vida, nos relacionamentos.
Isso faz ter a certeza de que estar na vida é resumir qualquer aventura numa frase: "SÓ FAÇA SE FOR DIVERTIDO".
Sim, faça algo que agregue valor e reforce a saúde emocional, eleve a auto estima, fazendo você se sentir um ser único e insubstituível.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A Ciência comprovando o espírito.

Confesso minha alegria ao ouvir hoje o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, idealizador da Uniespírito - Universidade Internacional de Ciências do Espírito (http://www.uniespirito.com.br/tv-uniespirito.php).
Homens das ciências dedicados a comprovar a existência do espírito e da presença das energias espirituais constantes e ilimitadas ao dispor dos inquietos e de boa vontade.
Felizes os inquietos e que já não se conformam em permanecer no sono dos acomodados. 04.07.2010

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Fortalecendo Valores

O homem que vive em sociedade busca constantemente encontrar-se realizar-se, trocar experiências, ser empreendedor. Mas, na paralela de suas realizações, pergunta-se: como manter sua liberdade, gozar de todas as sensações que este estado pode possibilitar?

Como permanecer livre, fazendo tudo aquilo que deseja, sem ter que dar satisfação a ninguém? Poder sair sem ter hora para voltar para casa, se divertir e fazer o que quiser?
Pergunto então, será que realmente ser livre é isto, afinal de contas sempre pensamos que precisamos de um espaço somente para nós? E como ficam as pessoas que nos cercam, aqueles que convivem conosco diariamente, que compartilham de nossas conquistas, alegrias, decepções?

Percebemos que só é realmente livre, aquele ser que conhece seus limites, suas potencialidades, que nas situações mais difíceis consegue se colocar no lugar do outro e descobre que é capaz, de amar, perdoar, sorrir sem exigir nada em troca de quem quer que seja.

Portanto, devemos nos conhecer, amar e perdoar, primeiro a nós mesmos, entender que somos responsáveis pela nossa existência, indo em busca da realização de nossos sonhos, sabendo compartilhar. Mas, que esta busca não traga prejuízo aqueles que conosco convivem, porque também somos co-participantes em suas vidas, como eles também pertencem a nossa. Muitos buscam fantasias e sabemos quão grande é a dor que elas nos causam. O homem deste novo século deve buscar em sua caminhada, resgatar e desenvolver valores éticos, morais e espirituais, e verdadeiramente será: livre, pleno, construtor e energético.

A avalanche da menina da saia florida

Vinicius, após um dia estressante de trabalho, ao abrir o jornal depara-se com aquele rosto, ao vê-lo tão próximo do seu, se dá conta de que os anos passaram tão rapidamente. Vê aquele rosto de mulher, tomando conhecimento de que ela estava na cidade para participar de um evento. Aqueles olhos foram capazes de resgatar em seu íntimo sentimentos que estiveram por anos adormecidos.
Há quanto tempo não via Yasmin? Quantas experiências ele passara no decorrer deste tempo, estudara formando-se em economia, estava casado, tinha um filho adolescente, mas aquele rosto lhe trazia uma avalanche.
Recorda que em sua juventude decidira trancar em seu coração aquele sentimento e suas lembranças, guardando a chave em algum lugar da sua memória, como forma de seguir sua vida, afinal aquele amor lhe era proibido. A vida os aproximou, descobriram afinidades solidificando uma amizade marcada por conversas intermináveis, mas o gosto pela leitura foi o que mais encantou Vinícius. Empréstimos de livros, diálogos sobre assuntos diversos, o sentido da vida, questões sociais, injustiças.
Certa vez, Vinicius falou para Yasmin, que ela tinha a capacidade de transformar assuntos complicados em algo simples, como sabia discorrer sobre questões complexas de forma suave e poética, em outros momentos defendia seus pontos de vista com veemência, sempre com brilho nos olhos mostrando sua emoção, revelando sua alma, encantando-o. Muito aprenderam sobre a vida.
Nas suas lembranças, aquele amor que descobrira ainda jovem, permanecera em seu coração, infelizmente seus destinos seguiram opostos. Anos se passaram, e Vinícius descobre que ela havia se casado, era mãe de dois filhos. Sem poder fazer nada, segue sua vida.
Acomoda-se na cadeira de seu escritório, respira fundo na esperança de se refazer da surpresa, passa a analisar a sua vida, nascera em uma família simples, onde o afeto e as condições necessárias não lhe faltaram. Não conhecera seu pai que morrera quando ainda tinha um ano de idade, encontrara em sua mãe o amor incondicional. Tornara-se um bem sucedido empresário, conquistara com muito esforço estabilidade financeira.
Sabia que sua vida não era a primavera que idealizara na juventude, suspirando profundamente, percebe que a vida passou, há quanto tempo não via aquele rosto, aquela fotografia fora capaz de reportá-lo a um tempo de poesia e encantamento.
Alonga o corpo, cruza as mãos atrás da cabeça, acomodando-se confortavelmente na cadeira, fecha os olhos, deixando-se levar pela emoção do momento. Suavemente busca dentro de si a chave que imaginara para trancar as lembranças daqueles tempos. Percebe assustado ao abrir que Yasmin permanecera lá como a menina da saia florida, que canta, faz graça quando balança a saia, sonha e acredita na vida, deseja, anseia. Graciosa com seu longo cabelo castanho escuro, o brilho nos olhos mostra seus sonhos.
Reconhece seu perfume, aquele cheiro que sentia sempre que estavam lado a lado, nunca conseguira identificar a essência, que mexia com sua alma. O cheiro entrava pelas suas narinas reportando-o ao dia em que perguntou a Yasmin - que perfume usava? Ela surpresa responde: que não usava naquele momento nenhum perfume. Surpreso se dá conta de que sua alma identificava a essência da alma de Yasmin. Assustado se deixa levar pelas lembranças.
Estavam em plena primavera, raios de sol penetravam seu corpo de modo reconfortante, sentado naquele banco na praça, sentia-se cansado após um dia de estudo, afinal estava prestes a ingressar na universidade. Acompanhando os gestos determinados daquela menina com seu longo cabelo castanho escuro, da mesma cor de seus olhos. Ah! Os olhos que sempre o fascinaram, pensava: essa menina tem força na alma. Nunca vira um ser assim, tão gracioso e determinado. O intrigante ao vê-la pela primeira vez é que seu coração sabia que ela seria para sempre o seu amor.

Olhos sábios de um cachorro

Entro no carro, saio da garagem, fecho o portão.
Paro na esquina olho para os lados, do lado esquerdo da rua dois olhos me observam.
Sim, o olhar de um cão.
Cachorro preto, com manchas acobreadas, da raça “salsichinha”.
Os olhos fixos em mim, serenos.
Olho novamente e percebo na cabeça pêlos brancos ao redor dos olhos e boca.
Aquele olhar sereno é de um cão que demonstra já ter vivido muito.
Impõe respeito, sabedoria.
Com o carro parado espero ele passar e novamente olha nos meus olhos como a me agradecer a gentileza.
Com a firmeza de quem já viveu muito, caminha a passos lentos,
Observador, pára, olha para os lados a observar se tudo está em ordem.
O movimento das pessoas na calçada, os carros a passar.
Segue calmamente e eu parada no carro a observá-lo,
Olha-me novamente,
Seus olhos nos meus refletem um velho cão sábio e cansado.
Um bom cão de rua.
Parece ser respeitado, nenhum outro cão o afronta ou perturba.
No dia seguinte, abro a janela do meu quarto, vejo o cão com o mesmo andar do dia anterior, parado na esquina, outro carro passa, ele olha, o carro passa e ele segue o seu destino.

Fundo do poço tem mola?

Alguém já perguntou se fundo do poço tem mola? Melhor, você já se sentiu no fundo do poço? Quem ainda não esteve nesta situação?
Fundo do poço retrata a sensação de buraco sem saída, de prostração, de incapacidade regada à ansiedade, prisão, desespero. Como é difícil imaginar uma saída, espera-se um milagre tal a impotência.
O que faz uma pessoa chegar ao fundo do poço? Frustrações, decepções, desencantos, desamor, traição, abandono, descaso. Mas, o mais terrível é perceber que o abandono de si próprio foi o principal causador desta tragédia na vida.
Quantos alimentam o corpo, vestem este corpo, educam e formam este corpo, tem acesso aos prazeres da carne e ao que o dinheiro pode comprar. Sem se preocuparem em alimentar a essência deste corpo que é a alma.
Sim, a alma é energia, é o dínamo que movimenta a vontade, a coragem, o ânimo. Nela habita o que de melhor possui um ser, sua capacidade de sentir o amor, a paz, a generosidade, a solidariedade, a compaixão. Somente ela é capaz de dar e receber afeto, mas, quando ela por longo tempo se deixa nutrir por sentimentos antagônicos em ambiente hostil, adoece.
Quando a alma nega-se entra em processo de autodestruição, de falência, perde o rumo sai do eixo da existência. Fundo do poço é isso vida sem rumo, sem direcionamento, abandono.
Descobrir que fundo do poço tem mola é redescobrir-se é literalmente olhar pra cima, para o alto. Impulsionar a essência da alma com a força da coragem, redimencionar propósitos, reafirmar valores, acreditar em seu potencial. Resgatar a alma é jogar fora as informações negativas recebidas, varrer o lixo interior, eliminar o negativismo a baixa autoestima, reconsiderar suas fraquezas e transformá-las em energias salutares.
É respirar fundo, encher os pulmões de ar, abastecer-se de ânimo, esticar os braços, as pernas, alongar cada músculo do corpo, expandir os ossos, mover as articulações, espichar-se longamente, sentindo a vida pulsar dentro de si. É sentir-se completamente livre das amarras, dando-se conta de que o poço ficou pequeno para tanta força e energia e que a luz é o caminho para sua felicidade, sem muletas alheias. A força de sua alma é sua mola propulsora, e mais nada pode detê-la.

O primeiro não é o último.

Acorda Larissa! Beijo no rosto. Levanta Larissa! Espreguiça-se, remexe-se nos lençóis, lembra e não acredita, é hoje. Começa hoje, meu primeiro dia de aula, coloca a mão no peito, coração aos saltos, senta na cama, levanta, abre os braços e dança no quarto. Arruma-se, veste saia com pregas azul marinho, camisa branca com botões, meias até os joelhos, branca, calça tênis azul marinho (conhecido como “conga”). Olha no espelho, escova os cabelos castanhos, curtos, sem acreditar, pensa: como estou feliz, vou para a escola, meu primeiro dia de aula, aprender a ler, escrever, sorri. Respira fundo, deixa o quarto, sem acreditar ainda.
Os irmãos sentados à mesa do café da manhã, na cozinha quentinha, fogão a lenha, o cheiro de café, pão, manteiga, geléia. Só falta você! – diz a mãe, escova os dentes.
Larissa, a mais nova das filhas (eram cinco e quatro irmãos). Corre menina, apressada, mãos dadas com a mãe, lancheira ao ombro - (dentro, café com leite, uma maçã, pão com manteiga), caderno, lápis e borracha na mão. Segue caminhando, passos firmes, determinados, sabe em seu íntimo de criança, que está emoção marcará sua vida.
Chega à escola, era mais emocionante, linda, do que poderia imaginar, a mãe puxa-a pela mão, Larissa, olhando para todos os lados da escola, jardim, flores, pensa: quantas escadas! Tropeçando se deixando levar pela mão da mãe, se aproxima da sala, observa cautelosa e pensa: como é bonita minha professora, suspira.
Recebida com um abraço, este abraço tinha afeto de professora. Cautelosa entra, olhar atento, observa cada detalhe daquela sala, quadro negro, apagador, giz (branco e colorido), babadinhos de papel colorido ao redor do quadro, mesas quadradas de madeira com quatro cadeiras (cinco mesas), armários com portas de vidro também enfeitado de papel colorido, estantes, livros de histórias, brinquedos diversos, as paredes enfeitadas com bichinhos e árvores (feitos de papel), ao lado da porta da entrada uma lixeira, cortinas brancas.
Entra, pendura a lancheira, senta-se próximo a janela que era bem grande, o sol da manhã entra pela sala, tocando seus cabelos aquecendo seus pensamentos e emoções, pensa: este é o mundo que quero na minha vida, ouvir histórias, escrever livros, onde tudo pode ser real, se eu quiser.
Vou aprender a ler e escrever! Meus colegas são estranhos, mas, o mais estranho, é que aqui na escola o mundo se abre para os que também não são estranhos. Para os que não sonham e os que apenas vivem e se descobrem sem avessos, fora do eixo, com emoção ou sem emoção nenhuma. Para os que são capazes de rolar na grama, de pisarem no chão, andarem descalços na chuva, sentindo a vida entrar pelas suas entranhas, ter sensações loucas, de chorar de raiva e rir de si mesmos. Debocharem da sorte, agradecer uma dádiva, reverenciar as dores, suas mazelas, de se arrepiarem de amor e se emocionarem com o choro de uma criança que nasce, ou do adeus no leito de morte. De rirem da própria desgraça, de serem capazes de superar todos os estágios de aprendizagem, desta aventura que é viver. Sim, aqui começa o que nunca termina.

Irrenunciável avesso

Na trama da palavra
Escrevo versos,
Afugento sonhos, distante do olhar.
Emoção teu corpo longe está.
Entranha no verbo amar,
Calor distante.
Fugia de mim e perto ficava.
Soluça meu nome repleto de amor,
Fugia de ti, pensa em mim.
Tudo era poder,
Recomeça no tropeço, se acha em mim.
Branca areia escreve meu nome.
Com tua voz o vento unia os nossos acertos.
Calmo respirava.
Assim, somos avessos, complementos,
Busca e tropeços.
No olho da noite reencontro,
Lado a lado do irrenunciável apego,
Luta e volta.
Meu calor te espera
Volta e aquece.
Aconchega, abraça, fecha os olhos e sonha.